terça-feira, 11 de novembro de 2008

Texto de Kátia Najara

Eu não saberia dizer quanto, mas já faz um bom tempo que não sei mais o que é manicure e pedicure, desde que decidi eu mesma fazê-lo. Acho que tudo começou com a constatação de que não gosto de salões de beleza; depois veio uma necessidade de ocupar-me comigo mesma, olhar mais para mim, cuidar de mim eu mesma, passar mais tempo comigo, e como o tempo em geral é curto, este aqui me tem sido muito precioso.

É claro que no início o resultado não era dos melhores, mas também não era dos piores... e depois, havia a compensação de estar "ensimesmada em mim mesma". Da primeira vez percebi que há muito tempo não olhava com atenção para os meus pés e mãos; descobri marcas, relembrei sinais, analisei a pele, e essa análise passou a percorrer todo o meu corpo; vi-me diante do espelho, encontrei meus olhos, aproximei-me, assustei-me um pouco, pois era como se houvesse uma outra pessoa ali, uma estranha, vejam só! tive dificuldade em fitar-me a mim mesma, que loucura! Não conseguia no início, não segurava o meu próprio olhar; estranhava-me! Fiquei algo apavorada, e não havia nada no chá. Felizmente foi rápido, coisa de segundos, eu diria; mas resisti, insisti naquele olhar: não é possível, sou eu, ora que bobagem, sou eu! E finalmente encontrei-me, comecei a me reconhecer, voltei. Mas percebi que há muito não me olhava fundo nos olhos. Não sei se a comadre já tentou fazê-lo, mas recomendo o exercício sozinha, sem que nada possa atrapalhar. Olhe fundo nos seus próprios olhos, longamente, sem pressa. Não é fácil, toda a verdade virá, mas olhe, não deixe de fazê-lo.

Bom, o fato é que me encontrei fazendo os pés, e desde então, não cedo esta oportunidade a ninguém mais. Abro as cortinas para que entre muita claridade, coloco uma música bacana, seleciono os meus apetrechos, trago o telefone sem fio e o celular para perto, geralmente aos sábados, e começo o ritual.

Primeiro a acetona para tirar esmaltes velhos ou resíduos, depois tesoura, lixa, raspagem das unhas, esfoliação, hidratação, e cutícula. A parte mais difícil é tirar cutículas: a alicate tem que ser muito boa (Tramontina ou Mundial), e deve ser usada com parcimônia; no meu caso não "descarno" violentamente como se faz nos salões (a sensação que eu tinha é que saía com vias abertas em cada dedo, tão profundas as devastações). Não! Cutícula é proteção, pára tudo! Tiro apenas o que chama atenção, o resto fica. Depois a base de proteção (fundamental para as dependentes dos vermelhos como eu), depois o esmalte (se for de excelente qualidade, a depender da cor, uma mão generosa e bem espalhada pode ser suficiente - sem falar que seca muito mais rápido) sem mais combinações e sobreposições de cores no more (se escolhi o Luxo, o Luxo somente basta - nem mesmo toques finais de brilho me são necessários). Por fim a limpeza, a parte mais melindrosa, e está pronto!

O hábito faz o monge, e tenho me tornado uma manicure cada vez melhor, aliás, as minhas unhas têm ficado cada vez melhores. E eu também.

Mas não esqueçam do exercício dos olhos!

Texto de Kátia Najara