terça-feira, 30 de setembro de 2008

Em comemoração a Machado...



....Quando me mudei para o Rio, ao caminhar pela rua do Ouvidor, foi impossível ñ pensar em Machado de Assis...e na verdade, ainda hoje, cada vez que passo por ali me vem a lembrança as descrições que esse autor tão carioca fazia em suas histórias...

Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:-”Quem me dera que fosse aquela loura estrela,Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
-”Pudesse eu copiar o transparente lume,Que, da grega coluna à gótica janela,Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!”Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
-”Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!”Mas o sol, inclinando a rútila capela:
-”Pesa-me esta brilhante auréola de nume Enfara-me esta azul e desmedida umbela Porque não nasci eu um simples vaga-lume?”

Machado de Assis

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mundo Interior


(Machado de Assis)


Ouço que a natureza é uma lauda eterna
De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
Uma escala de luz, uma escala de vida
De sol à ínfima luzerna.

Ouço que a natureza, - a natureza externa, -
Tem o olhar que namora e o gesto que intimida,
Feiticeira que ceva uma hidra de Lerna
Entre as flores da bela Armida.

E contudo, se fecho os olhos, e mergulho
Dentro de mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho,

Rola a vida imortal e o eterno cataclismo,
E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme,
Um segredo que atrai, que desafia, - e dorme.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

...E depois o silêncio. E teus olhos abertos
nos meus fechados. E esta ausência em minha boca:
pois bem sei que falar é o mesmo que morrer:

Da vida à Vida, suspensas fugas.

Cecília Meireles


.........E chegou a primavera...

terça-feira, 16 de setembro de 2008


Sim, eu sou saudosista quando o assunto é água de filtro de barro, café passado no coador de pano, cheiro e brilho do piso de cimento queimado encerado com cera Cachopa vermelha, leite comprado na porta, pé de fruta no quintal, panela de alumínio que de tão areada vira espelho pendurada na cozinha, cortina de pano embaixo da pia, bule, leiteira, fogão a lenha...

(Texto de Kátia Najara)

Quanta identificação...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O estilo Chanel...



Gabrielle Bonheur Chanel nasceu numa família pobre. Sua mãe morreu quando ela tinha seis anos, deixando-a com mais quatro irmãos aos cuidados do pai. No período entre 1905 e 1908 adotou o nome de Coco, durante uma breve carreira de cantora de café-concerto.
Trinta e sete anos após sua morte, detalhes de sua história, mesmo os que ela nunca quis revelar, podem ser conferidos no livro “A Era de Chanel”, da jornalista francesa Edmonde Charles-Roux, lançado pela editora CosacNaify.

Leonina e ambiciosa, Chanel sempre almejou subir na vida e fazer parte da alta sociedade. Ela conseguiu se engajar na alta aristocracia e logo se tornou xodó dos homens, que não lhe faltavam com cortejos. Pudera! Chanel era dotada de traços finos e possuía um porte elegante. Há quem diga que ela nasceu para ser uma dama.

Chanel revolucionou a década de 20, libertou a mulher das faixas e cintas, dos corpetes apertados, babados e outras peças do vestuário incômodo do final da década de 19. A estilista foi a criadora do tailleur feminino e popularizou o pretinho básico, mas foi o seu perfume, o Chanel nº 5, o mais vendido do mundo, que a tornou milionária.

Envolvendo-se primeiro com um rico militar e depois com um industrial inglês, Coco Chanel conseguiu recursos para abrir uma pequena chapelaria, em 1910. Abriu mais duas filiais, em Biarritz e em Deauville. Seus dois protetores também a ajudaram a conseguir clientes, homens e mulheres, que passaram a freqüentar sua loja. Suas criações logo caíram no gosto do público e seus negócios se expandiram para o ramo da moda.

Nos anos 1920, Chanel já era uma designer influente. Começou a desenhar roupas confortáveis, com tecidos fluidos, peças emprestadas do guarda-roupa masculino e saias mais curtas, em contraste com a silhueta feminina rígida da época. Em 1922 criou o famoso perfume Chanel n° 5, que alavancou seus negócios e se tornou legendário.

Durante a Segunda Guerra Mundial Chanel chegou a trabalhar como enfermeira, uma vez que os negócios de moda estavam em baixa. Nesta época envolveu-se com um oficial nazista, o que lhe custou o exílio. Em 1954 voltou a Paris e retomou seus negócios na alta costura.

Sua carreira teve um renascimento nos anos 1950. O cárdigã, o vestido preto, as pérolas tornaram-se marca registrada do estilo Chanel. A marca Chanel acabou tornando-se um grande império, que inclui bolsas, sapatos, jóias, acessórios e perfumes. No ano de sua morte, aos 87 anos, Coco Chanel ainda trabalhava ativamente, desenhando uma nova coleção.

“A figura moderna de Coco Chanel foi importante para consagrar a marca. A silhueta magra com roupas folgadas tornou sua imagem símbolo de elegância e inspirou muitas mulheres”, explica a consultora de moda Bruna Guzzi.

“Chanel tornou clássicas suas cores preferidas, cinza, marinho e bege, além da famosa bolsa de matelassê com corrente dourada. Até hoje, seu estilo é presente em saias de tweed com suéter e colar comprido de pérolas. Como ela mesma dizia: a moda muda, o estilo permanece”,

O estilista alemão Karl Lagerfeld é, desde 1983, o diretor de criação da marca Chanel, tanto para a linha de alta-costura quanto para a de prêt-à-porter. O estilo clássico criado por mademoiselle, revitalizado por Lagerfeld, atravessou o século 20 e se tornou atemporal.

"Eu criei um estilo para um mundo inteiro.
Vê-se em todas as lojas "estilo Chanel". Não há nada que se assemelhe. Sou escrava do meu estilo. Um estilo não sai da moda; Chanel não sai da moda."
Coco Chanel

Frases de Coco Chanel:

"Sou contra uma moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera."

"Uma mulher vestida de claro raramente fica de mau-humor."

"A roupa deve ser, antes de tudo, cômoda e prática. É a roupa que deve adaptar-se ao corpo e não o corpo que deve deformar-se para adaptar-se à roupa".

"A moda, como a arquitetura, é uma questão de proporções".

Fonte - MBPress
Apesar de ter numerosos admiradores, Coco Chanel não se casou. Quando o duque de Windsor a pediu em casamento ela lhe respondeu orgulhosamente: há muitos duques da Inglaterra mas Coco Chanel só há uma.
Já famosa, teve a seus pés uma sucessão de milionários, aristocratas e artistas famosos, mas recusou todas as propostas de casamento. Apreciava demasiado sua independencia - dizia - para poder comprometê-la.
Na decada de trinta aplicou sua fortuna, avaliada então em 15 milhões de dolares (74 milhões e 250 mil cruzeiros), em diversos países.
Durante 15 anos não apresentou um só desfile de moda. Mas quando voltou a aparecer, em 1954, com caracteristicas de simplicidade em um periodo de inovação, suas criações constituiram novo êxito.
No ultimo verão, enquanto se preparava para apresentar sua coleção outo-inverno, definiu sua filosofia nas seguintes palavras:
"Não escandalizo o mundo. Sou inimiga da excentricidade e sinto-me deprimida pela forma em que as pessoas a exibem. Não percebem as mulheres que seu primeiro dever é permanecer femininas e agradar aos homens? E não procurar aparentar 20 anos quando já têm 60, ou assemelhar-se a uma rapaz de cabelos compridos? Na minha idade já não procuro um amante. E, se um hippie de cabelos longos se aproximar de mim convidando-me a fazer amor, eu o mandarei para o diabo".

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Estar feliz me deixa inquieta.



Por Ailin Aleixo
Revista Criativa

Essa é uma verdade que luto para mudar, mas ainda é uma verdade. Depois de anos me debatendo contra a constatação do fim de um casamento falido e de outro que jamais passou de uma amizade profunda, após tanto tempo e uma existência pontuada pela sensação de incompletude, uma mente que não parava de se açoitar e cobrar, hoje noto que consegui colocar o trem descarrilado no seu rumo. Andando, em frente, docemente balançando no seu próprio ritmo. Esse balançar me embala. E, estranhamente, me dá medo.

O medo não vem pela possibilidade de perder o caminho ou cair, de novo, nos tons de cinza - é impraticável viver o hoje preocupando-se com o que está na esquina, fora do campo de visão. É perder o presente e contaminar o que virá. Estar feliz me deixa intranqüila porque me acostumei a ter problemas, a ter minha cabeça preenchida por neuroses, preocupações, cobranças auto-infligidas, lágrimas prestes a ser derramadas. Isso me entretinha. Sadicamente, me ocupei tanto com minhas próprias tristezas que esqueci de aprender como se faz pra ser feliz. Esqueci como é dormir com alguém que se adora, acordar sem pressa e ficar maciamente ao lado daquela pessoa, cabeça encostada no peito. Desejar olhar seu rosto, beijá-lo, saber suas opiniões sobre cada insignificante e colossal assunto. Descobrir (com uma curiosidade borbulhante) os pequenos detalhes de sua história, os acontecimentos que o fizeram tremer. Como é não precisar impressionar nem se defender todo o tempo. Esqueci como é bom submergir, vez por outra, em um silêncio íntimo que não necessita ser preenchido por palavras vagas.

Passei tanto tempo perdida em mim que desprezei como me é vital ser carinhosa, cuidar, ser cuidada. Como é magnífico relacionar-se. Apaixonar-se.

Esqueci como é bom simplesmente ser.

E sua presença me fez lembrar.

Talvez por isso o medo, esse tolo inútil. Sentir me deixa vulnerável: mas me proteger nunca me trouxe nenhum ganho.

Eu não quero me proteger de você. Quero apenas ser tranqüila estando feliz.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Gavetinhas da memória


Parece mágica como nossos sentimentos ou momentos vividos ganham cor, cheiro, forma, som ou sabor...Sempre tem o perfume que te transporta pra aquele lugar especial, a música que te traz alguém de volta, o gosto que fica registrado para sempre na memória, ou os lugares sagrados....
Não importa em que altura da sua vida aconteceu, cada pessoa que passa por vc deixa registrado em suas gavetinhas secretas da memória uma parte se si mesma, e às vezes basta um tiquinho de nada para que essas gavetas sejam abertas...Sabonete vinólia e carimbo de desenhos Disney sempre vão me lembrar minha vovozinha tão fofa e querida, nada me tira essa lembrança...lá estou euzinha indo comprar um brinquedo para os sobrinhos e sempre me deparo com os carimbinhos , toco neles e me sinto transportada para o último natal em que passamos juntas, minha avó e eu...é meio mágico como um portal...
Bala ice kiss, sempre vai ter sabor de primeiro beijo ou da expectativa que antecede esse momento...perfume Àcgua Fresca sempre vai me lembrar minha tia querida e nossas tardes tomando sorvete...Astronauta de mármore traz de volta um amigo que nos deixou muito...muito...muito cedo... vinho é igual ao primeiro porre, ñ deixei de beber, ma ñ consigo esquecer...rsrsrsr...formigueiro tem a cor da minha infância, uma das minhas brincadeiras favoritas era alimentar as formigas, ( acredite)...cheiro de chuva me faz sempre sentir uma liberdade gostosa além de trazer a presença de umas das minhas maiores amigas, hoje tão distante....se chovia na nossa volta da escola com certeza tinha pé descalço nas poças e mãe se descabelando...eleição ...Ah eleição...me lembra escola onde fui eleita a prefeita... muito engraçado...sandália quando arrebenta sempre me leva de volta a um carnaval em Angra...sem contar as músicas, cada uma faz parte de uma época...
O estranho é que muitas vezes do nada, no meio de um trabalho ou andando pela rua, me vem uma lembrança de anos atrás...parece até que foram coisas passadas em outra vida.
Ah são tantas gavetinhas que eu tenho...tantos sons...sabores...brilhos...e cheiros...adoro algumas vezes abrir uma dessas gavetas e me deixar levar...atravessar o portal. Nesses momentos me sinto grande e minha vida aparentemente tão comum ganha um BRILHO, um significado sem limites...vou tentar abrir espaço ainda para as novas gavetinhas que estão por vir.