terça-feira, 12 de agosto de 2008



De onde eu venho existem formigueiros gigantes nas ruas e nos campos, e aos cinco anos alimenta-se as formigas com folhas verdes ou pedaços de pão, secretamente imaginando que por dentro, os formigueiros devem ser verdadeiros palacetes
De onde eu venho aos seis anos construímos casinhas de jornal e bambu no quintal ate a chuva vir e derrubar. Ensinamos as plantas a ler e escrever e acreditamos fielmente que elas nos entendem.
De onde eu venho planta-se um novo gramado no jardim aos sete anos, sobe-se no pé de goiaba por aventura e chupa-se laranja colhida na hora.

De onde eu venho existem cachoeiras particulares para passar todo um dia, aos oito anos rezamos para chover na volta da escola para então tirar os sapatos, pular nas poças e levar broncas da mãe.
De onde eu venho aos nove anos invadimos casas em construção pra brincar de casinha, fugimos pra rua a noite pra jogar queimado ou pular elástico
De onde eu venho aos dez anos ganhamos amigos eternos e aos onze aprendemos a tristeza das primeiras perdas também eternas

De onde eu venho aos doze anos se tem nojo de beijo na boca, aos treze se sonha com ele e aos quatorze se descobre ele
De onde eu venho é normal aos quinze anos se fazer serenata para os aniversariantes a meia noite, voltar para casa em grupo cantando pelas ruas e acordar feliz e disposta na manhã seguinte pra ir a escola
De onde eu venho em dias quentes é maravilhoso dormir no terraço sob as estrelas. É quase tão gostoso paquerar quanto conquistar...Vamos a missa ate em dias de semana depois de tomar sorvete na fonte da igreja
De onde eu venho o tempo passa lento a felicidade é simples as festas tem tema e cores novas o amor tem gosto doce, caminha-se mais do que se anda de carro, o vinho tem sabor, toda casa tem café quente, as noites são claras e longas e os dias tem perfume...se eu fechar os olhos ainda posso sentir o perfume...
Mas de onde eu venho não é aonde estou... e engraçado é que parece que o tempo nem passou