segunda-feira, 5 de maio de 2008

Porque tem um lado meu que é fascinado por essa série...

SEX AND THE CITY: o retrato de uma época sai da TV para o cinema

O quarteto adorável da série mais feminina de todos os tempos promete repetir na telona o sucesso retumbante da televisão. Por que será que nos identificamos tanto com as personagens? Veja o que dizem os especialistas, as protagonistas e descubra com qual personagem você mais se identifica

Aydano André Motta | Entrevistas Ana Lígia Sampaio | Fotos divulgação

Revista Cláudia

imagem das protagonistas do filme sex and the cityAo sabor de um Cosmopolitan, do alto de estiletos Jimmy Choo, bolsa Prada a tiracolo e, sobretudo, envoltas pelas delícias da metrópole mais sedutora do planeta... quem haverá de resistir? O mundo feminino pode não se livrar de angústias e incertezas, tampouco decifrar a eterna equação chamada homem, mas tudo parece muito mais charmoso na lógica de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), Samantha Jones (Kim Cattrall), Charlotte York (Kristin Davis) e Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), as protagonistas de SEX AND THE CITY – agora em formato tela grande, filme previsto para chegar ao Brasil em 6 de junho.

Baseado no livro homônimo (lançado no Brasil pela Record) de Candace Bushnell, escrito a partir do sucesso das colunas que ela publicou nos anos 90 num jornal de Nova York, o seriado manteve, em seis temporadas, um padrão de qualidade acima da média da televisão. Um programa bem feminino: oferecia surpresas em cada um dos seus 94 episódios, mas, para entender, exigia sensibilidade e inteligência. Não foi fácil, nunca será.

Para a psicanalista e sexóloga Regina exigia sensibilidade e inteligência. Não foi fácil, nunca será. Para a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, a fascinação nasce da quebra dos preconceitos e da forte amizade das quatro personagens. “Elas são contemporâneas, enfatizam a importância da sexualidade numa visão atual, com novidades como o uso de vibradores”, completa. “E as tramas são divertidas, atraem a identificação de todas as mulheres.” A crítica vem da busca pelo príncipe encantado. Contesto a obrigatoriedade do par amoroso. As pessoas gostam de ver e de viver histórias de amor, mas têm que desenvolver a capacidade de ficarem bem sozinhas”, opina.

E não há grande diferença entre Carries, Mirandas, Samanthas e Charlottes americanas e brasileiras. “A cultura ocidental é uma só, com pequenas nuances”, aponta Regina. “Em Nova York e no Rio de Janeiro, as mulheres são mais liberadas do que em Utah ou em Goiás. Mas a mentalidade ocidental é toda judaico-cristã e crê na busca da alma gêmea”, analisa.

O êxito do seriado (que segue na TV, em reprises no canal a cabo Multishow, e cena do filme sex and the cityestá diponível em locadoras) baseia-se em um retrato preciso da mulher vitoriosa no trabalho mas feminina nas convicções, sem concessões masculinizadoras. “O mundo mudou e a dramaturgia ainda estava na era Mary Tyler Moore, dos anos 70”, observa Paula Fernandes, roteirista da Globo. Fã do seriado, “que mostra mulheres solteiras, mas não solitárias”, ela enxerga nele todos os dramas femininos da atualidade e muito mais. “Também tem o lado mulherzinha, da busca pelo prazer, pelo casamento, do fetiche com sapatos. Todo mundo consegue se ver ali”, aponta Paula. Mesmo com a quantidade de homens canalhas ou inseguros que desfilaram pela saga? “Sim, o seriado era voltado para as mulheres, mas mostrava o homem atual com todos os seus problemas”, diz. E olha que não foi só história de mocinha. “Um dos momentos mais marcantes é quando Carrie deixa Aidan – o homem perfeito, carinhoso, sensível e inteligente – escapar. Mulher também vacila.”
Pode ser. Mas foram os dilemas e idiossincrasias de Carrie, a instável, de Miranda, a racional, de Samantha, a voluptuosa, e de Charlotte, a frágil, que hipnotizaram o público – com o molho do glamour da cidade mais famosa e filmada do mundo, a quinta personagem do show. “O visual é muito atraente. As mulheres não apenas se identificam como desejam ser as personagens. E Nova York é um belo pano de fundo”, atesta a novelista Maria Adelaide Amaral, destacando também a abordagem do sexo, que transborda do título para a trama. “A maneira desenvolta como elas lidam com a sexualidade explica parte do sucesso”, afirma. A ponto de SEX AND THE CITY aproximar-se, em fama, dos seriados SEINFELD e FRIENDS. Maria Adelaide lembra, no entanto, que a odisséia das quatro amigas não é uma comédia, mas um programa sobre comportamento. “O humor é importante, mas não dá para comparar com essas outras séries”, opina.

As fãs, claro, concordam. A chef de cozinha Isabela Oliveira não faz por menos: chama as protagonistas de “minhas amigas de Manhattan”, tem todas as temporadas em DVD e sempre revê os episódios. “Elas conseguem ser ao mesmo tempo elegantes e despojadas, frágeis e vingativas. São como nós”, afirma.

A economista Fernanda França Soares faz eco. Tanto que, nas últimas viagens a Nova York, ocupou-se em percorrer pontos do cenário. No ano passado, tomou um martíni no Bull & Bear, bar do Waldorf Astoria, visitou o O’Neals (que virou o bar de Steve e Aidan, namorados de Miranda e Carrie), e passeou por lojas caríssimas, como a Prada, na Madison Avenue, e a Manolo Blahnik, onde um par de sapatos custa 500 dólares – ou mais. “Dá para sentir o clima do seriado. Às vezes, parece que a gente vai esbarrar numa delas”, suspira.

Daqui a pouco acontecerá, querida – num cinema perto de você.