Onde as personagens infantis fumavam narguilê sentadas sobre cogumelos.
*
A Lagarta e Alice olharam-se por algum tempo em silêncio. Finalmente, a Lagarta tirou o narguilé da boca e perguntou, em voz lânguida e sonolenta:
– Quem é você?
Não era um começo de conversa muito animador. Um pouco tímida, Alice respondeu – Eu.. eu… nem eu mesmo sei, senhora, nesse momento… eu… enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então.
– Que é que você quer dizer com isso? – perguntou a Lagarta rispidamente. – Explique-se!
– Acho que eu mesma não posso explicar – disse Alice – porque eu não sou eu, está vendo?
– Não, não estou.
– Acho que não posso explicar melhor – replicou Alice com polidez – porque eu mesma não consigo entender, pra começar. E depois, ter tantos tamanhos diferentes num dia só é muito confuso.
– Não, não é.
– Bom, não sei. Talvez a senhora ainda não tenha passado por isso – continuou Alice – mas quando tiver de se transformar numa crisálida… pois isso lhe acontecerá algum dia, não é?… e, depois disso, numa borboleta, tenho a impressão de que achará meio esquisito, não?
– Nem um pouco.
– Bom, quem sabe a sua maneira de sentir talvez seja diferente – disse Alice – mas o que sei é que tudo isso pareceria muito esquisito para mim.
– Você! – exclamou desdenhosamente a Lagarta. – E quem é você?