quinta-feira, 30 de abril de 2009


Onde as personagens infantis fumavam narguilê sentadas sobre cogumelos.

*
A Lagarta e Alice olharam-se por algum tempo em silêncio. Finalmente, a Lagarta tirou o narguilé da boca e perguntou, em voz lânguida e sonolenta:

– Quem é você?

Não era um começo de conversa muito animador.
Um pouco tímida, Alice respondeu Eu.. eu… nem eu mesmo sei, senhora, nesse momento… eu… enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então.

– Que é que você quer dizer com isso? – perguntou a Lagarta rispidamente. – Explique-se!

– Acho que eu mesma não posso explicar – disse Alice – porque eu não sou eu, está vendo?

– Não, não estou.

– Acho que não posso explicar melhor – replicou Alice com polidez – porque eu mesma não consigo entender, pra começar. E depois, ter tantos tamanhos diferentes num dia só é muito confuso.

– Não, não é.

– Bom, não sei. Talvez a senhora ainda não tenha passado por isso – continuou Alice – mas quando tiver de se transformar numa crisálida… pois isso lhe acontecerá algum dia, não é?… e, depois disso, numa borboleta, tenho a impressão de que achará meio esquisito, não?

– Nem um pouco.

– Bom, quem sabe a sua maneira de sentir talvez seja diferente
– disse Alice – mas o que sei é que tudo isso pareceria muito esquisito para mim.

– Você! – exclamou desdenhosamente a Lagarta. – E quem é você?