segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Jane Austen...Hannah Arendt



As GRANDES mulheres do passado exercem sobre mim um fascínio e admiração que não sei bem como explicar, adoro ler sobre suas vidas e suas inspirações, às vezes chego a me sentir grata, pois foram tantas lutas travadas, tantas conquistas em nome do nosso sexo, tantos nomes que nunca conheceremos mas que buscaram sonhos que hoje para nós são uma realidade tão distante daquela época e tão comum a nossa.
Foi assim com muitas feministas no início do século passado, ridicularizadas, perseguidas...não reconhecidas, mas guerreiras.
Ter um ideal, uma paixão...um desejo capaz de mudar um tempo, um século...muitas vidas...perseguir um sonho...quantas pessoas são tão corajosas assim?
Hoje estou especialmente interessada em uma mulher admirável: Jane Austen, pouco se sabe de fato sobre sua vida, a atriz Anne Hathaway fez um filme sobre sua história no ano passado chamado "Becoming Jane" é um relato fictício da vida de Jane Austen, com certeza inspirado em uma de suas obras como: Orgulho e Preconceito. O filme imagina Jane Austen, quando jovem, se apaixonando por um jovem inculto, Tom LeFroy, e cria acontecimentos em que o público é levado a crer que poderiam ter ajudado a moldar os romances de Austen...eu como sempre, derramei boas lágrimas ao assistir o filme, mas de fato a narrativa pouco tem a ver com a verdadeira vida da romancista.



Jane Austen


Romancista britânica nascida em Steventon, Hampshire, Inglaterra, cuja obra literária deu ao romance inglês o primeiro impulso para a modernidade, ao tratar do cotidiano de pessoas comuns com aguda percepção psicológica e um estilo de uma ironia sutil, dissimulada pela leveza da narrativa. Filha de um pastor anglicano, toda a sua vida transcorreu no seio de um pequeno grupo social, formado pela aristocracia rural inglesa. Aos 17 anos, escreveu seu primeiro romance, Lady Susan, uma paródia do estilo sentimental de Samuel Richardson. Seu segundo livro, Pride and Prejudice (1797), tornou-se sua obra mais conhecida, embora, inicialmente, tenha sido malvisto pelos editores, o que levou por algum tempo ser descriminada no meio editorial. Depois conseguiu publicar o romance Sense and Sensibility (1811), cujo sucesso levou à publicação, ainda que sob pseudônimo, de obras anteriormente recusadas. Vieram ainda outros grandes sucessos como Mansfield Park (1814) e Emma (1816) em um estilo menos ágil e humorístico, porém ganhando em serenidade e sabedoria, sem perda de sua típica ironia. Morreu em Winchester, um ano antes de serem publicadas as obras Persuasion e Northanger Abbey, uma deliciosa sátira, escrita na juventude, ao gênero truculento da novela gótica. Seu poder de observação do cotidiano forneceu-lhe material suficiente para
dar vida aos personagens de suas obras, e a crítica considerou-a a primeira romancista moderna da literatura inglesa.
Extraído do site Netsaber Biografia

Filme mostra Jane Austen como paqueradora inveterada


Plantão Publicada em 25/04/2008 às 18h13m
Reuters/Brasil Online
Por Avril Ormsby
O Globo
LONDRES (Reuters) - Os fãs de Jane Austen que pensam que a romancista inglesa do século 18 era uma moça recatada da zona rural podem se chocar com um novo filme da TV britânica que a mostra flertando, sofrendo ressacas e mudando de idéia em relação a um pedido de casamento que já tinha aceitado.
Mas a roteirista de "Miss Austen Regrets" acha que qualquer pessoa que tenha lido seus livros reconhecerá Austen como uma mulher espirituosa e hábil em relacionar-se na sociedade.
"Não estou pintando um retrato malicioso", disse Gwynteh Hughes.
"Algumas pessoas podem não gostar de ver Jane Austen de ressaca, mas meu objetivo não foi chocar."
Helen Lefroy, parente distante de Tom Lefroy, que foi amigo de Jane Austen, disse que a escritora pode ter sido agitada e brincalhona, mas que "não era desmedida".
"Sabemos muito pouco sobre ela, mas não acho que ela estivesse à procura de um casamento", disse Lefroy. "O que ela queria era compreender as relações entre homens e mulheres, coisa que usou tão bem em seus romances."
O roteiro do filme produzido pela BBC e que irá ao ar no domingo é baseado nas mais de cem cartas ainda existentes escritas por Jane Austen a sua irmã Cassandra e sua sobrinha Fanny.
Autora dos clássicos literários "Orgulho e Preconceito" e "Razão e Sensibilidade", Jane Austen nunca encontrou um "Mr. Darcy" em sua própria vida.
Mas o filme mostra vários namoros dela e também um pedido de casamento, que Austen, então com 27 anos, inicialmente aceitou, mas então, depois de passar uma noite refletindo, rejeitou.
"Isso teria sido visto como uma grosseria incrível, uma enorme falta de educação", disse Hughes. "Como algo escandaloso, frívolo e errado."
Mais tarde, já na meia-idade, Jane Austen se apaixonou por um médico dez anos mais jovem que ela, que tratava seu irmão.
"Acho que ela o desejava loucamente", disse Hughes.
A roteirista acrescentou que Austen flertou muito em sua vida e gostava de frequentar festas.
"Ela era uma mulher normal", dise Hughes. "Quando ia a uma festa, tomava vinho e podia acordar de ressaca."
Hughes acredita que muitas das cartas de sua irmã foram destruídas por Cassandra para poupar os sentimentos de amigos, familiares e vizinhos e para proteger a privacidade de sua irmã.
"Jane Austen era animada e implacável em suas críticas. Alguns dos comentários que fazia sobre seus vizinhos são capazes de fazer você chorar de rir."

Muitas vezes perdemos a possibilidade de felicidade de tanto nos prepararmos para recebê-la. Por que então não agarrá-la toda de uma vez?
Jane Austen



Hannah Arendt



Conhecida como a pensadora da liberdade, Hannah Arendt viveu as grandes transformações do poder político do século 20. Estudou a formação dos regimes autoritários (totalitários) instalados nesse período - o nazismo e o comunismo - e defendeu os direitos individuais e a família, contra as "sociedades de massas" e os crimes contra a pessoa.Sua obra é fundamental para entender e refletir sobre os tempos atuais, dilacerados por guerras localizadas e nacionalismos. Para ela, compreender significava enfrentar sem preconceitos a realidade, e resistir a ela, sem procurar explicações em antecedentes históricos.Embora fosse de família hebraica, não teve a educação religiosa tradicional judia e sempre professou sua fé em Deus de forma livre e não-convencional. É importante saber desse aspecto porque Hannah dedicou toda sua vida a compreender o destino do povo judeu perseguido por Hitler.Foi aluna do filósofo Heidegger - com quem teve um relacionamento amoroso - na universidade alemã de Marburgo, e formou-se em filosofia em Heidelberg.Em 1929, quando o mundo mergulhava na recessão causada pela quebra da Bolsa de Nova York, Arendt ganhou uma bolsa de estudos e mudou-se para Berlim. Quando o nacional-socialismo de Hitler subiu ao poder, em 1933, ela saiu da Alemanha e foi para Paris, a capital francesa, onde entrou em contato com intelectuais como o escritor Walter Benjamin.Nessa época, colaborou em instituições dedicadas a preparar jovens para viverem como operários ou agricultores na Palestina - ao mesmo tempo, trabalhou como secretária da baronesa Rotschild, de uma família de banqueiros.Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo francês de Vichy colaborou com os invasores alemães e, por ser judia, Hannah foi enviada a um campo de concentração, em Gurs, como "estrangeira suspeita". Porém, conseguiu escapar e aportou em Nova York, em maio de 1941.Exilada, ficou sem direitos políticos até 1951, quando conseguiu a cidadania norte-americana. Então começou realmente sua carreira acadêmica, que duraria até sua morte. Combateu com toda a alma os regimes totalitários e condenou-os em seus livros "Eichmann em Jerusalém" e "As origens do totalitarismo". No primeiro, estuda a personalidade medíocre de Adolf Eichmann, formulando o conceito da "banalidade do mal". Em seus depoimentos, Eichmann disse que cumpria ordens e considerava desonesto não executar o trabalho que lhe foi dado, no caso, exterminar os judeus.Hannah concluiu que ele dizia a verdade: não se tratava de um malvado ou de um paranóico, mas de um homem comum, incapaz de pensar por si próprio, como a maior parte das pessoas. Essa afirmação é um eco da frase do filósofo e matemático francês Pascal (1623-1662) "Nada é mais difícil que pensar".Arendt, a teórica do inconformismo, também defendeu os direitos dos trabalhadores, a desobediência civil e atuou contra a Guerra do Vietnã (1961-1975).

Há uns que nos falam e não ouvimos; há uns que nos tocam e não sentimos; há aqueles que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas... há aqueles que simplesmentevivem e nos marcam por toda vida."
(Hannah Arendt)

A nossa crença na realidade da vida e na realidade do mundo não são, com efeito, a mesma coisa. A segunda provém basicamente da permanência e da durabilidade do mundo, bem superiores às da vida mortal. Se o homem soubesse que o mundo acabaria quando ele morresse, ou logo depois, esse mundo perderia toda a sua realidade, como a perdeu para os antigos cristãos, na medida em que estes estavam convencidos de que as suas expectativas escatológicas seriam imediatamente realizadas. A confiança na realidade da vida, pelo contrário, depende quase exclusivamente da intensidade com que a vida é experimentada, do impacto com que ela se faz sentir."
Hannah Arendt